segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

BLOCO DA SOLIDÃO

Ángústia, solidão
Um triste adeus em cada mão
Lá vai, meu bloco vai
Só deste jeito é que ele sai
Na frente sigo eu
Levo um estandarte de um amor
Amor que se perdeu
 
No carnaval lá vai meu bloco
E lá vou eu também
Mais uma vez sem ter ninguém
No sábado e domingo
Segunda e terça-feira
E quarta feira vem
O ano inteiro é sempre assim
Por isso quando eu passar
Batam palmas para mim
 
Aplaudam quem sorrir
Trazendo lágrimas no olhar
Merece uma homenagem
Quem tem forças pra cantar
Tão grande é minha dor
Pede passagem quando sai
Comigo só
Lá vai meu bloco vai
A noite me pinga
uma estrela no olho
e passa.

(Paulo Leminski)


ROTEIRO DO SILÊNCIO

Iniciei mil vezes o diálogo. Não há jeito.
Tenho me fatigado tanto todos os dias
vestindo, despindo e arrastando amor
infância, sóis e sombras.

(Hilda Hilst) 


Devagar com o andor, que o santo é de barro...

Estou tentando levar a vida com mais tranquilidade e saúde. Na minha idade é preciso começar a pisar no freio e rever as escolhas realizadas... Ir devagar com o andor...

"Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara.
Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não.

Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldade pra fazer."

(Composição: Rodrigo Maranhão)